Minha prática artística parte da representação do corpo masculino a partir do olhar e da vivência do homem gay. Uso o desenho como pesquisa de signos do desejo e do erotismo, com imagens que tensionam o anonimato e a exposição, a sutileza e o excesso.

O corpo que apresento é fragmentado, anônimo, reduzido à carne e ao gesto. A virilidade, aqui, aparece em estado de saturação, não como ideal, mas como matéria que escapa, pulsa e provoca.

Interesso-me por materiais que carregam imperfeições e exigem negociação com o acaso. Essas imperfeições não são ruído, mas linguagem. Elas inscrevem o corpo no tempo e no espaço, criando tensões entre controle e falha, rigor e desvio.

Busco uma paleta de cores intensa e contrastada, propondo um deslocamento da masculinidade normativa, que desafia leituras fáceis, criando uma ambiguidade visual que ativa o olhar.

Por meio de composições que exploram o acúmulo, o ritmo e a repetição, busco dar forma a um desejo que não se resolve, mas que se mostra, se oculta e se multiplica. Minha obra é, acima de tudo, uma tentativa de fazer do corpo um lugar de afirmação, desejo e dissidência.